Publicado em: 19/04/2021
Gerar a própria energia vem se tornando uma possibilidade cada vez mais explorada por grandes empresas. Além de reduzir custos e aumentar a previsibilidade com gastos, a medida também possibilita a redução da pegada de carbono, contribuindo assim para o atingimento de metas de crescimento sustentável.
Em linhas gerais, existem duas modalidades principais para que empresas possam gerar a energia elétrica que consomem: a Autoprodução e a Geração Distribuída. Entretanto, para que se possa entender qual opção mais adequada para cada negócio, é preciso compreender as principais diferenças entre as duas alternativas que podem ser utilizadas.
Quem pode aderir à Autoprodução e à Geração Distribuída?
Ambas são modalidades de geração própria de energia elétrica, mas para consumidores que estão em diferentes ambientes de contratação. A Autoprodução está vinculada ao agente “autoprodutor de energia elétrica”, consumidor de energia que está no Ambiente de Contratação Livre (conhecido como mercado livre de energia) e que também possui uma ou mais usinas que geram energia para seu próprio negócio. Como este agente é um consumidor de grande porte — como uma indústria, por exemplo — ele deve estar necessariamente conectado em média ou alta tensão (Grupo A). Portanto, a caracterização de Autoprodução é válida somente para consumidores no mercado livre.
Por outro lado, a Geração Distribuída (GD) é uma modalidade que se aplica exclusivamente para consumidores que estão no Ambiente de Contratação Regulado, também conhecido como mercado cativo de energia. Aqui, os consumidores contratam energia diretamente da distribuidora e podem estar conectados em qualquer nível de tensão (tanto Grupo B quanto Grupo A), não sendo necessário que sejam grandes consumidores de energia. Farmácias, postos de gasolina, padarias, bancos e pequenas indústrias são exemplos de empresas que podem normalmente optar pela Geração Distribuída.
Quais são as fontes de energia utilizadas nestas modalidades?
Enquanto não existem restrições da fonte de energia para a Autoprodução, na Geração Distribuída é necessário que sejam utilizadas fontes renováveis (como hidráulica, solar, eólica e biomassa) ou usinas enquadradas como cogeração qualificada, cuja fonte primária pode ser de origem não-renovável, como o gás natural. Apesar das amplas possibilidades, a escolha da fonte mais apropriada se dá em função de fatores como (i) benefícios relacionados ao tipo da fonte (por exemplo, descontos nos custos de conexão), (ii) disponibilidades tanto de área para construção da usina como do próprio insumo energético (ex: sol, vento, água), ambos relacionados com a localização da usina, e (iii) redução da pegada de carbono, uma vez que cada fonte possui seu próprio fator de emissões.
A usina precisa estar próxima do local de consumo?
Tanto na Autoprodução quanto na Geração Distribuída as usinas podem ser construídas não apenas próximas ao local de consumo, mas também em locais distantes de onde a energia é consumida. Há, contudo, algumas limitações: enquanto na Autoprodução a usina pode ser instalada em qualquer lugar do país (em diferentes submercados, portanto sujeita à variação de preços entre submercados), na Geração Distribuída é necessário que a usina seja instalada na mesma área de concessão da distribuidora que fornece energia para as unidades que receberão os créditos da energia gerada. Ainda, é importante destacar que, para os diferentes modelos de negócios existentes dentro da Autoprodução e da Geração Distribuída, aplicam-se diferentes regras relativas a encargos setoriais, impostos e responsabilidades do consumidor.
Na Autoprodução, usinas no local ou próximas ao local de consumo são muito comuns quando são aproveitados resíduos industriais em termelétricas próprias — como é o caso das indústrias de papel e celulose e do setor sucroalcooleiro, por exemplo. Já na Autoprodução distante da carga é comum a construção de usinas eólicas e fotovoltaicas, principalmente por estas fontes possuírem um maior rendimento energético em locais com mais vento e sol, normalmente distantes do local de consumo. No caso da Geração Distribuída, tanto em geração local quanto remota, predomina a fonte solar, em função da sua modularidade e baixa complexidade de instalação frente às outras fontes.
Fonte
Fonte